domingo, 21 de abril de 2013

NOVA EDIÇÃO DA ROAS DOS VENTOS JÁ DISPONÍVEL


Já está disponível a edição 5(1) da Revista Rosa do Ventos
Confira o editorial
Apresentar o Turismo como um fenômeno múltiplo e complexo tornou-se quase um lugar comum. Não se imagina que hoje, na Academia, alguém ainda diga o contrário. Entretanto, e decorrência desta primeira assertiva, é possível afirmar que a complexidade do fenômeno se amplia e aprofunda. Pelo menos, é o que podemos ver nesta edição de Rosa dos Ventos, número que inaugura o quinto ano da Revista. Considerando-se o conteúdo da presente edição, a questão que agora pauta parte do pensamento acadêmico inclui os desdobramentos contemporâneos das tensões entre o local e global, talvez em nova clave. Se o mundo da economia globalizada nos defronta com desafios culturais que têm sido tratados no âmbito das teorias sobre a posmodernidade, entre eles, com certeza, está o aprender a conviver com a diferença, que não mais se apresenta como algo distante e desafio apenas para viajantes mais ousados, mas como uma problemática a assoberbar os cotidianos.
No campo do Turismo, tal tensão contemporânea está sintetizada com brilhantismo na reflexão assinada pela professora Ada Dencker, em texto que, por esta razão, está nesta edição, a convite. Resgatamos uma reflexão apresentada por Dencker no congresso da Intercom, em 2010, onde ela, justo, discute o papel da Hospitalidade no mundo da globalização, em artigo intitulado “Hospitalidade e interação no mundo globalizado”. Ou, como diria Morin, como temos que aprende a ser, cidadãos do Planeta.
Ivan Rêgo Aragão e Janete Ruiz de Macedo apresentam tensões equivalentes, vistas sob o ponto de vista do local. Ao analisar as relações entre memória e turismo na festa do Senhor dos Passos, em São Cristovão, Sergipe, mostram que o  desafio está em como manter o passado presente, via ritual, em momentos de conturbação global. Desafio semelhante perpassa o texto de Gabriel Sperandio Milan e Diogo Zapparoli Manenti, intitulado “Roteiro Turístico e Principais Stakeholders: Um Estudo Exploratório”, que, se muda o viés do olhar, partindo agora do marketing de relacionamento, não muda a questão  de como buscar o melhor convívio possível, entre as diferenças locais, em nome de um projeto maior.
Entretanto, a difícil convivência entre o local e o global talvez esteja em sua realidade mais explicita, no texto de Silvana Pirillo Ramos sobre o artesanato. Com profundidade, ela nos descreve a situação do artesão que, pressionado, inclusive por políticas publicas locais, se vê perdendo o protagonismo no seu próprio trabalho, até recentemente visto como uma área de autonomia, criatividade e de resistência à padronização da industrialização. A leitura do texto de Ramos é, sem dúvida, impactante. As dificuldades de expressão do local, por fim, estão em Elizabete Sayuri Kushano, Marcos Luiz Filippim e José Manoel Gândara que, num estudo longitudinal, nos demonstram como o local perdeu espaço – e, portanto, autonomia – se comparados o espaço de mídia que tem hoje, em relação ao que tinha há dez atrás. Usam como estudo de caso o litoral do Paraná, mas é provável que outros locais, se analisados, apresentem o mesmo desempenho na mídia turística.
Estes textos estão juntos ao acaso, por avaliados e aprovados, no processo editorial da Rosa dos Ventos. Mas é significativo o diálogo que constroem, visto a partir da edição finalizada. Posto, digamos, o diagnóstico do atual momento de complexidade do Turismo nestes primeiros artigos, diferente é situação do segundo bloco da RRV, este, sim organizado de maneira a buscar ampliar a compreensão do quadro que desenha, em especial no pós 11 de Setembro. Num trabalho de muito fôlego encabeçado por Maximiliano Emanuel Korstanje e Geoffrey Skoll, os mesmos reuniram sete textos que tiveram como desafio compreender, a partir do pensamento contemporâneo das ciências sociais, o papel das fronteiras nas configurações políticas e culturais dos sistemas, na questão em si e nas suas decorrências. No dizer dos organizadores: “El borde, lejos de representar lo temido, o lo reprimido, significaba la razón de ser de la misma sociedad. Esta idea sugiere la existencia de una dialéctica dada entre el pliegue y los centros que confieren la identidad a ese límite”.
A edição se encerra com a disponibilização, por Mariana Schwaab Machiavelli , de uma série de documentos visuais que mostram, como o título indica, ”Pequenas Histórias Soltas: Mais do Que a Terra do Champanha” A seção memória da Rosa dos Ventos tem como objetivo reunir fontes primárias, para que as mesmas venham a embasar nos pesquisas (Susana Gastal)

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