segunda-feira, 4 de novembro de 2013

TRÊS PROFESSORES DO PPGTUR-UCS CONTEMPLADOS PELO CNPq

Três professores do Mestrado em Turismo, da Universidade de Caxias do Sul, foram contemplados no Edital Universal 14/2013, do CNPq. Tratam-se dos professores Márcia Cappellano dos Santos, com o projeto Hospitalidade Coletiva e Desenvolvimento Turístico: A Experiência de Acolhimento e o Perfil de Comunidades Primariamente Acolhedoras; Maria Luiza Cardinale Baptista, com o projeto Desterritorialização Desejante em Turismo e Comunicação: Narrativas Especulares e de Autopoiese Inscriacional; e Susana Gastal, em parceria com o professor Antônio Carlos Castrogiovanni (UFRGS), com o projeto Jardim Botânico de Porto Alegre: Conduzindo Novos Olhares. Leia, a seguir, os resumos dos projetos contemplados:

HOSPITALIDADE COLETIVA E DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO: A EXPERIÊNCIA DE ACOLHIMENTO E O PERFIL DE COMUNIDADES PRIMARIAMENTE ACOLHEDORAS: Este projeto toma como pressuposto hospitalidade ou acolhimento (termos aqui empregados indistintamente) como fenômeno intrínseco e fundante do turismo, como interveniente importante no conjunto de fatores que concorrem para o sucesso ou o fracasso de ações que visam empreendê-lo, podendo ser examinado e compreendido no espaço e na dinâmica relacionais entre acolhedor e acolhido, nas perspectivas singular ou coletiva. Nessa direção, as noções de hospitalidade/acolhimento, no âmbito do presente estudo, não se circunscrevem ao conjunto de práticas sociais formais, próximas da comunicação técnica, profissional, ou a estruturas e serviços que asseguram o fluxo, a estada e o atendimento de demandas previamente estabelecidas de turistas e visitantes; elas envolvem dimensões específicas do turismo articuladas com esquemas conceituais de natureza filosófica e psicoantropológica. Em linhas gerais, o projeto busca traçar o perfil do Corpo coletivo acolhedor de Caxias do Sul, município localizado no centro da região turística da Serra Gaúcha/RS, segundo modelo teórico proposto por Santos, Perazzolo e Pereira (2012). Com inspiração no modelo sistêmico, a perspectiva coletiva do acolhimento é concebida a partir da metáfora do corpo, de um sistema complexo, integrado por sujeitos/grupos humanos, suas organizações (estrutura e funcionamento), seus valores, cultura e processos de transmissão. Epistemologicamente, o Corpo coletivo acolhedor, como foi denominado pelas autoras, considera o princípio de que os sistemas humanos são, por natureza, corpos acolhedores, ou não se transformariam. Nesse sentido, o termo “acolhedor” que complementa a ideia de um corpo coletivo apenas destaca que há diferenças no ritmo, nas características e nas formas pelas quais um espaço se caracteriza por sua maior ou menor capacidade de acolher e ser acolhido pelos sistemas externos que o circundam. Uma comunidade, um Corpo coletivo acolhedor, é um sistema semiaberto. Essa condição permite que, de um lado, elementos externos se introduzam em seu interior, fomentando a renovação, a adaptação e a mudança; de outro, contando com dispositivos que o mantêm suficientemente auto-organizado, possa resistir ao ingresso de elementos que coloquem em risco os cernes identitários, como num processo de defesa do próprio soma coletivo. Esse corpo coletivo que acolhe institui-se no espaço que se instala na delimitação interativa com e entre três vértices dimensionais: a) serviços (vértice no qual se estabelecem as relações de troca, a oferta e comercialização/disponibilização de produtos); b) gestão (vértice caracterizado pela forma como a comunidade tende a gerir os recursos de que dispõe, envolvendo dimensões estruturais, estéticas e ambientais do sistema coletivo; e c) cultura (vértice que abrange o cabedal de saberes e práticas inter e intrageracionais, expressas, em especial, no comportamento social e no espaço ocupado pela educação, pela arte e pela tradição). Considerados esses supostos teóricos, o projeto, como referido, propõe-se identificar traços que caracterizariam o perfil do corpo coletivo acolhedor de Caxias do Sul, considerando as perspectivas de uma comunidade que primariamente acolhe e dos sujeitos primariamente acolhidos na relação com os serviços disponibilizados, com a gestão das estruturas e do funcionamento social, e com a cultura legada e propagada entre seus membros. Para o estudo dessas dimensões, realizar-se-á o exame de percepções/representações de turistas e visitantes, através da análise e quantificação de elementos que se destacam de seu discurso, da natureza de sentimentos verbalizados, de pensamentos associados e comportamentos que narram a partir de sua experiência. Isso porque, numa leitura fenomênica da interação entre acolhedor e acolhido, o espaço vivido pelo turista difere, sempre em alguma medida, daquele construído e habitado pelo acolhedor, por razões que envolvem desde o cabedal particular de saberes que o turista carrega, até o núcleo do desejo acionador dos comportamentos que culminam na sua chegada. Por outro lado, as representações de um corpo social também se alteram na dinâmica mental do acolhedor. Com base nesse conjunto de referenciais teóricos, no objeto e objetivos da investigação, a eleição metodológica do projeto combinará as abordagens qualitativa e quantitativa de pesquisa, por meio da identificação, no discurso do acolhido, de características das diferentes dimensões do corpo coletivo e do registro e da quantificação das incidências de respostas, ou de unidades ideativas a serem constituídas sob forma de categorias, viabilizando estimativas estatísticas, probabilidades, a partir da constituição de amostras.
DESTERRITORIALIZAÇÃO DESEJANTE EM TURISMO E COMUNICAÇÃO: Narrativas Especulares e de Autopoiese Inscriacional:  O presente projeto tem como objeto a desterritorialização desejante em Turismo e Comunicação, considerando narrativas especulares e de autopoiese inscriacional. Trata-se de uma proposta de estudo transdisciplinar, que se propõe a analisar o agenciamento e a potência do movimento desejante para o Turismo, considerando seu entrelaçamento com a Comunicação. Desejo, espelho e autopoiese inscriacional são eixos conceituais que correspondem a referenciais teóricos, que se cruzam, para tentar compreender a desterritorialização subjetiva no turismo, que marca a realidade caosmótica e complexa da contemporaneidade, do tempo das tribos. A dimensão inscriacional associada ao conceito de autopoiese, de Humberto Maturana, deriva de Tese de Doutoramento, apresentada na Universidade de São Paulo, quando a autora estudou os processos de escrita de jovem adultos, como expressão da subjetividade e do que chama de trama comunicacional, a trama de mídias. Trata-se de um neologismo, a partir da fusão entre inscrição, criação e ações que possibilitem a reinvenção de si mesmo, numa matriz analítica, segundo a qual é possível compreender, agora, ‘o sujeito em movimento’, nos movimentos da vida, das viagens turísticas, nos movimentos desejantes e comunicacionais, visando entender o que aciona esse motor pulsional desejante por viagens, que o coloca em movimento e garante investimentos de todos os tipos. Como foi ressaltado, em termos teóricos, a pesquisa é transdisciplinar, envolvendo, diretamente, as áreas de Turismo, Comunicação, Psicologia – em especial na perspectiva da Esquizoanálise e os Estudos de Subjetividade - mas também tendo como substrato outros territórios de saber imbricados na discussão aqui proposta. Vale ressaltar, nesse sentido, a perspectiva da Epistemologia da Ciência, no cenário de mutações, com autores como Edgar Morin, Boaventura Souza Santos e Michel Maffesoli; a visão da Biologia Amorosa e do Conhecimento, de Humberto Maturana; a perspectiva ecológica da Teia da Vida, de Fritjof Capra, e da Economia Ecológica, de Martinez-Allier. Vale ressaltar, ainda, que a questão das narrativas será trabalhada pelo viés do Jornalismo Literário Avançado, cujo principal representante é Edvaldo Pereira Lima. A lógica da ‘teia teórica’ é a do rizoma e da cartografia, coerente com um dos principais substratos teóricos da produção deste projeto, entre a Esquizoanálise e os Estudos de Subjetividade. Essas linhas vão se ramificando, se entrelaçando, para também permitir vislumbrar conexões. Trabalha-se, aqui, com pressupostos da visão sistêmica e de complexidade, sinalizando para a importância de acionar processos autopoiéticos e mobilizadores do sujeito do Turismo e da Comunicação. Do ponto de vista operacional, a metodologia envolverá dispositivos orientados pela visão qualitativa e cartográfica. Além do referencial teórico, pretende-se trabalhar com a pesquisa cartográfica e participante, buscando relatos escritos de sujeitos do Turismo e a correlação das suas ações com a Comunicação, na sua dimensão maquínico-midiática e interpessoal. A ideia é analisar as mobilizações desejantes, especulares e autopoiéticas inscriacionais, registradas nos próprios textos de narrativas de viagem dos turistas, bem como contrapô-los a reportagens turísticas que trazem pistas sobre os valores emocionais agregados aos lugares turísticos, aos territórios buscados por esses sujeitos. Os resultados tendem a ajudar a compreender: o que mobiliza os sujeitos para o Turismo? Como a Comunicação, na sua complexidade multimidiática e do processo comunicacional, em si, pode auxiliar, nesse sentido? Que pistas há nos relatos de viagem (nos textos verbais e visuais) e nas reportagens turísticas, que podem potencializar o turismo? Até que ponto é possível compreender Turismo e Comunicação, como acionamento de mobilizações desejantes, desterritorializantes e autopoiéticas?

JARDIM BOTÂNICO DE PORTO ALEGRE: CONDUZINDO NOVOS OLHARES: O presente projeto busca a elaboração de um projeto de intervenção no Jardim Botânico de Porto Alegre, que venha a qualificá-lo para que cumpra, com maior qualidade, suas funções precípuas, encaminhando um melhor relacionamento com a comunidade do entorno, com os frequentadores e com os turistas. Assim,  o projeto deseja tornar o Jardim Botânico de Porto Alegre, que é um local público, um espaço com maior número de oportunidades para que ocorra a interação entre o seu patrimônio e com os objetivos de seus visitantes. A construção de ofertas que incentivem a condução do olhar do visitante, seja turista ou aluno de escolas públicas ou privadas, também constituem objetivos deste projeto.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua contribuição ao mestrado em Turismo da Universidade de Caxias do Sul, por meio de seu comentário