O evento, promovido pelo Centro de Antropologia Médica da Academia
de Ciências da Rússia, teve presença de pesquisadores de destaque no estudo da
Esquizoanálise, em instituições acadêmicas de diversos países: Rússia, Israel,
França, África do Sul, Argentina, Austrália, Uruguai, Índia e Estados Unidos,
além do Brasil. Envolveu cientistas, educadores, pesquisadores, estudantes em
várias áreas do conhecimento, da Filosofia, Antropologia, Psicologia,
Psicanálise, Matemática, Medicina, Arquitetura, Geografia e Urbanismo,
Sociologia, Comunicação e Turismo.
Segundo a professora da UCS, tratou-se de refletir sobre a
obra de Guattari e Deleuze e suas transversalizações em diferentes áreas de
conhecimento, práticas profissionais e vivencias pessoais. Os dois autores, a
partir do lançamento do livro "Anti-Edipo: Capitalismo y esquizofrenia",
passaram a ser conhecidos como criadores da Esquizoanálise, orientação teórico-existencial-reflexiva-ativista
que questiona os pilares estruturalistas da Psicanálise e do Marxismo, com
fortes críticas aos axiomas totalizantes do capitalismo e da ciência clássica.
Eles colocaram em conversações os pressupostos de compreensão da subjetividade
na lógica esquizo, com universos existenciais e explicativos, como a Economia,
a Biologia, a Tecnologia, a Estética, a Educação, a Administração, a Filosofia,
a Antropologia etc., abrindo-se para uma compreensão ampla, complexa e
caosmótica do mundo.
Maria Luiza Cardinale Baptista afirma ainda que os
conhecimentos esquizoanalíticos repercutiram pelas transformações propostas e
os questionamentos a macrovisões explicativas de mundo, com ênfase entre a
Psicanálise e o Marxismo. Ela destaca
como também importante o questionamento da lógica do Antropoceno, com a
proposição do termo ecosofia, por Guattari, aliando-se a outros autores, como
Arne Naess. O termo convida a uma reflexão filosófico-ecológica, com superação
da centralidade do humano e a compreensão da trama teia da vida, dos
entrelaçamentos caosmóticos ecossistêmicos, que sinalizam para o fato de que ou
sobrevivemos todos ou também caminharemos para a destruição. Segundo a
professora do PPGTURH, da UCS, a ecosofia é um importante sinalizador para a
necessidade de coexistência pacífica, ética, harmoniosa e colaborativa, nos
ecossistemas, com valorização da diversidade e coexistência multiespécie.
Ela explica que os autores são fundamentais ainda para
pensar a complexidade maquínica, de engendramentos abstratos, que envolvem as
relações nos mais diferentes universos existenciais. Lembra que essa
compreensão pode ajudar a pensar a produzir relações mais voltadas para “o
agenciamento desejante, autopoético e amoroso, em diferentes áreas de
coexistência e de produção da vida, dos saberes e fazeres, envolvendo inclusive
os grandes engendramentos maquínicos do universo da transformação tecnológica
decorrente da virtualização e digitalização dos universos existenciais”.
Igualmente, pela Esquizoanálise, ela vem refletindo e pesquisando o Turismo,
como processo complexo de desterritorializações e transversalizações desejantes,
caosmóticas e complexas.
“Guattari e Deleuze se transformaram, nos últimos 30 anos, para
mim, em meus amigos de infância, adolescência e vida adulta, sem que eu nunca
os tenha encontrado presencialmente. São autores que marcaram a minha vida para
sempre, como teórica, pessoa intensa afetiva e amorosa, ser desejante no mundo,
jornalista, pesquisadora, cientista, mulher, mãe, no agenciamento de um ser que
transita por entre as engrenagens maquínicas e se faz em flor em ser,
floresceres de amorosidade e autopoiese. As pistas de potência de agenciamento
autopoiético e a compreensão do desejo como potência, em combinação com o
reconhecimento de que vivemos todos em caosmose e que podemos, assim e por isso
mesmo, produzir, ativar ritornelos potentes.... são para mim sinalizadores
importantes para seguirmos viagem na construção do que eu chamo de o Mundo N’Ovo”,
disse Dra Maria Luiza Cardinale Baptista. (Maria Luiza Cardinale Baptista, Reg prof. 6199)
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