“Nós estamos fora do sistema. Fábrica
tem que ser a seta, tem que ser a direção, em termos do que se pensa e se faz
em comunicação e criatividade. Nós não temos a ver com marketing, com publicidade
tradicional, com nada do que vem se repetindo e que já morreu. Não queremos
atender ao mercado, nos submeter. Tem bastante gente que já faz isso e isso não
interessa.” A manifestação é de Oliviero Toscani, criador e diretor do Projeto
Fabrica, Centro de Formação em Comunicação e Criatividade, da Benneton, no
norte da Itália. Trata-se de uma fábrica de ideias e criatividade, com projetos
em arte, design, cinema, publicidade,
alimentação/gastronomia, política, economia, arquitetura e mídias. A
Professora do PPGTURH e dos cursos de Comunicação da UCS, Dra Maria Luiza
Cardinale Baptista, esteve durante todo o dia 12 de setembro último, na
Benetton, para rever o Projeto Fabrica (que já conhecia desde 1995),
restabelecer contatos e definindo a parceria, entre o Grupo de Pesquisa Amorcomtur
e o Projeto. Na ocasião, destacou, para Toscani, o trabalho que vem sendo
realizado pela UCS, pelo desenvolvimento especialmente na região da Serra
Gaúcha, e a forte vinculação da região com o Vêneto, onde se localiza Catena de
Vilorba, lugar sede da Fabrica.
Durante conversa com Oliviero
Toscani, Dra Maria Luiza Cardinale Baptista falou sobre as pesquisas realizadas
no Amorcomtur! Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e
Autopoiese, em que se trabalha com a noção de trama, relacionada ao conceito de
ecossistemas turístico-comunicacionais-subjetivos e, também, sobre projeto de
internacionalização, em diálogo com pesquisadores de seis outros países, envolvendo
a ideia de “Com-versar sujeitos e lugares, a partir de narrativas de
amorosidade e autopoiese”. Durante o encontro e o dia de trabalho, foi possível
perceber forte sintonia entre o que vem sendo desenvolvido na UCS, pelo grupo Amorcomtur
e o Projeto Fábrica.
Nesse sentido, foi rica a troca de
experiências sobre a necessidade de transformação na Comunicação, no Turismo e
nos processos de aprendizagem, buscando a produção de sentido, com laços éticos
e mobilizadores de afeto, de intensas emoções. Assim, ficou acordado que o
Amorcomtur vai organizar a visita de um grupo de pesquisadores e profissionais
interessados, para conhecer o projeto, estando desde já aberta a possibilidade
de que, como sequência, estudantes e professores da UCS, de todos os níveis e
cursos, possam, eventualmente, propor projetos, para pensar uma estada na
Fabrica, por um tempo, para aprimorar a criatividade, numa espécie de 'retiro
artistico', segundo Toscani!
Professora Maria Luiza também
participou de workshop sobre "new journalism in
social media", com a presença do fundador do
Courrier International e diretor do Paris School of Journalism, Jacques
Rosselin, do Creative Tech, Damien van Achter, que se
define como "mediador" e "jornalista
empreendedor". Ele leciona no Ihecs (Instituto de Estudos Superiores
de Comunicação Social) de Bruxelas e na Sciences-Po em Paris. Desenvolveu o
Lean Journalismo Canvas, um projeto visando atender à preocupação e necessidade
educacional de ensinar futuros jornalistas a atuar como
empreendedores, para financiar seus projetos ele desenvolveu o Lean Journalism
Canvas. No evento, esteve presente também o criador de Streetpress. O criador
do Streetschool And Mediamakers, Johan Weisz, também apresentou o seu projeto,
discutindo desde o processo de formação de novos jornalistas, as suas práticas
e rotinas, considerando a multiplicidade de dispositivos existentes. Apresentou
uma série de exemplos produzidos pelos integrantes de Street Press, em sintonia
com a mutação contemporânea do Jornalismo. No final da tarde, o grupo esteve em
Roda de Conversa, discutindo a revista Colors, publicação bastante conhecida do
Projeto Fabrica, e que será relançada, provavelmente impressa e também com uma
versão online. Foi apresentada uma síntese da história de Colors e debatidos
aspectos de conteúdo, estética e suportes midiáticos.
Toscani seguiu fazendo afirmações,
que definem os novos rumos de Fabrica, ao mesmo tempo mantendo a tradição
revolucionária de suas ideias e vinculando-a a compromissos com a sociedade,
com o cosmo: “Temos uma incrível responsabilidade, no sentido de gerar um
questionamento coletivo, sobre quem eu sou, o que eu gosto, o que estou fazendo
aqui. Temos especiais condições de fazer isso, só precisamos acionar a
criatividade e deixar acontecer. Fabrica está mudando porque o mundo está
mudando. É preciso repensar valores e, nesse sentido, algumas decisões foram
tomadas. Fábrica não funcionará mais restrita ao projeto de jovens até 25 anos.
A partir de agora, pessoas de diferentes idades, poderão participar do Projeto,
com seus saberes e sua experiência prévia, para viver, aqui na Fábrica, um
retiro, se pode dizer, um retiro artístico. Existem retiros diversos, como
retiros espirituais, de saúde. Então, o retiro de fábrica pode ser um retiro
artístico, para pessoas que estão inconformadas com o que estão vivendo.
Existem muitas pessoas insatisfeitas com seu cotidiano. Pessoas criativas.
Pessoas que têm saberes relacionados à comunicação e às artes, não só com
formação em Comunicação, mas com conhecimentos e práticas desenvolvidas, na
áreas em geral, que envolvem aspectos da arte e da Comunicação como um todo.
Fabrica pode ser um refúgio para essas pessoas e para, daqui, gerar
transformações que possam beneficiar, não só a elas, mas a um coletivo maior” (Maria Luiza Cardinale Baptista, Reg.MTB6199)
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